(ENEM PPL - 2016) A carreira nas alturas A gua est no joelho dos profissionais do mercado. As fragilidades na formao em Lngua Portuguesa tm alimentado um campo de reciclagem em Portugus nas escolas de idiomas e nos cursos de graduao para pessoas oriundas do mundo dos negcios. O que antes era restrito a profissionais de educao e comunicao, agora j faz parte da rotina de profissionais de vrias reas. Para eles, a Lngua Portuguesa comea a ser assimilada como uma ferramenta para o desempenho estvel. Sem ela, o conhecimento tcnico fica restrito prpria pessoa, que no sabe comunic-lo. Embora algumas atuaes exijam uma produo oral ou escrita mais frequente, como docncia e advocacia, muitos profissionais precisam escrever relatrio, carta, comunicado, circular. Na linguagem oral, todos tm de expressar-se de forma convincente nas reunies, para ganhar respeito e credibilidade. Isso vale para todos os cargos da hierarquia profissional-explica uma professora de Lngua Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da USP. NATALI, A. Revista Lngua, n. 63, jan. 2011 (adaptado). Nos usos cotidianos da lngua, algumas expresses podem assumir diferentes sentidos. No texto, a expresso a gua est no joelho remete
(ENEM PPL - 2016) Ainda os equvocos no combate aos estrangeirismos Por que no se reconhece a existncia de norma nas variedades populares? Para desqualific-las? Por que s uma norma reconhecida como norma e, no por acaso, a da elite? Por tantos equvocos, s nos resta lamentar que algumas pessoas, imbudas da crena de que esto defendendo a lngua, a identidade e a ptria, na verdade estejam reforando velhos preconceitos e imposies. O portugus do Brasil h muito distanciou-se do portugus de Portugal e das prescries dos gramticos, cujo servio s classes dominantes definir a lngua do poder em face de ameaas - internas e externas. ZILLES, A. M. S. In: FARACO, C. A. (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da lngua. So Paulo: Parbola, 2004 (adaptado). O texto aborda a linguagem como um campo de disputas e poder. As interrogaes da autora so estratgias que conduzem ao convencimento do leitor de que
(ENEM PPL - 2016) Chegou de Montes Claros uma irm da nora de tia Clarinha e foi visitar tia Agostinha no Jogo da Bola. Ela bonita, simptica e veste-se muito bem. [...] Ficaram todas as tias admiradas da beleza da moa e de seus modos polticos de conversar. Falava explicado e tudo muito correto. Dizia voc em vez de oc. Palavra que eu nunca tinha visto ningum falar to bem; tudo como se escreve sem engolir um s nem um r. Tia Agostinha mandou vir uma bandeja de uvas e lhe perguntou se ela gostava de uvas. Ela respondeu: Aprecio sobremaneira um cacho de uvas, Dona Agostinha. Estas palavras nos fizeram ficar de queixo cado. Depois ela foi passear com outras e lai aproveitou para lhe fazer elogios e comparar conosco. Ela dizia: Vocs no tiveram inveja de ver uma moa [...] falar to bonito como ela? Vocs devem aproveitar a companhia dela para aprenderem. [...] Na hora do jantar eu e as primas comeamos a dizer, para enfezar lai: Aprecio sobremaneira as batatas fritas, Aprecio sobremaneira uma coxa de galinha. MORLEY, H. Minha vida de menina: cadernos de uma menina provinciana nos fins do sculo XIX. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1997. Nesse texto, no que diz respeito ao vocabulrio empregado pela moa de Montes Claros, a narradora expe uma viso indicativa de
(ENEM PPL - 2016) Baio um ritmo popular da Regio Nordeste do Brasil, derivado de um tipo de lundu, denominado baiano, cujo nome corruptela. Nasceu sob a influncia do cantocho, canto litrgico da Igreja Catlica praticado pelos missionrios, e tornou-se expressiva forma modificada pela inconsciente influncia de manifestaes locais. Um dos grandes sucessos veio com a msica homnima, Baio (1946), de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. CASCUDO, C. Dicionrio do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998 (adaptado). Os elementos regionais que influenciaram culturalmente o baio aparecem em outras formas artsticas e podem ser verificados na obra
(ENEM PPL - 2016) o::... o Brasil... no meu ponto de vista... entendeu? o pas s cresce atravs da educao... entendeu? Eu penso assim... ento quer dizer... voc dando uma prioridade pra... pra educao... a tendncia melhorar mais... entendeu? e as pessoas... como eu posso explicar assim? as pessoas irem... tomando conhecimento mais das coisas... n? porque eu acho que a pior coisa que tem a pessoa alienada... n? a pessoa que no tem noo de na::da... entendeu? Trecho da fala de J. L, sexo masculino, 26 anos. In: VOTRE, S.; OLIVEIRA, M. R. (Coord.). A lngua falada e escrita na cidade do Rio de Janeiro. Disponvel em: www.discursoegramatica.letras.ufrj.br. Acesso em: 4 dez. 2012. A lngua falada caracteriza-se por hesitaes, pausas e outras peculiaridades. As ocorrncias de entendeu e n, na fala de J. L., indicam que
(ENEMPPL - 2016) Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros no esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro da multido movedia h giros estranhos, que no os deslocamentos normais do gado em marcha quando sempre alguns disputam a colocao na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trs, no coice da procisso. Eh, boi l!... Eh---eh, boi!... Tou! Tou! Tou... As ancas balanam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos e guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querncia dos pastos de l do serto... Um boi preto, um boi pintado, cada um tem sua cor. Cada corao um jeito de mostrar seu amor. Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dana doido, d de duro, d de dentro, d direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai no volta, vai varando... ROSA J. G. O burrinho pedrs. Sagarana. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1968. Prximo do homem e do serto mineiros, Guimares Rosa criou um estilo que ressignifica esses elementos. O fragmento expressa a peculiaridade desse estilo narrativo, pois
(ENEMPPL - 2016) Parestesia no, formigamento Trinta e trs regras que mudam a redao de bulas no Brasil Com o Projeto Bulas, de 2004, voltado para a traduo do jargo farmacutico para a lngua portuguesa aquela falada em todo o Brasil e a regulamentao do uso de medicamentos no pas, cinco anos depois, o Brasil comeou a sair das trevas. O grupo comandado por uma doutora em Lingustica da UFRJ sugeriu Anvisa mudar tudo. Elaborou, tambm, A redao de bulas para o paciente: um guia com os princpios de redao clara, concisa e acessvel para o leitor de bulas, disponvel em verso adaptada no site da Anvisa. Diferentemente do que acontece com outros gneros, na bula no h espao para inovaes de estilo. O uso de frmulas repetitivas bem-vindo, d fora institucional ao texto, explica a doutora. A bula no pode abrir possibilidades de interpretaes ao seu leitor. Se obedecidas, as 33 regras do guia so de serventia genrica quem lida com qualquer tipo de escrita pode se beneficiar de seus ensinamentos. A regra 12, por exemplo, manda abolir a linguagem tcnica, fonte de possvel constrangimento para quem no a compreende, e recomenda: No irrite o leitor. A regra 14 prega um tom cordial, educado e, sobretudo, conciso: No faa o leitor perder tempo. Disponvel em: revistapiaui.estadao.com br. Acesso em: 24 jul. 2012 (adaptado). As bulas de remdio tm carter instrucional e complementam as orientaes mdicas. No contexto de mudanas apresentado, a principal caracterstica que marca sua nova linguagem o(a)
(ENEM PPL - 2016) Ao acompanharmos a histria do telefone, verificamos que esse meio est se mostrando capaz de reunir em seu contedo uma quantidade cada vez maior de outros meios - envio de e-mails, recebimento de notcias, msica atravs de rdio e mensagens de texto. Esta ltima funo vem servindo como suporte para uma nova forma de sociabilidade, o fenmeno do flash mob - mobilizaes relmpago, que tm como caracterstica principal realizar uma encenao em algum ponto da cidade. PAMPANELLI, G. A. A evoluo do telefone e uma nova forma de sociabilidade: o flash mob. Disponvel em: www.razonypalabra.org.mx. Acesso em: 1 jun. 2015 (adaptado). De acordo com o texto, a evoluo das tecnologias de comunicao repercute na vida social, revelando que
(ENEM PPL - 2016) Lisboa: aventuras tomei um expresso cheguei de foguete subi num bonde desci de um eltrico pedi um cafezinho serviram-me uma bica quis comprar meias s vendiam pegas fui dar a descarga disparei um autoclisma gritei c a r a! responderam-me p positivamente as aves que aqui gorjeiam nao gorjeiam [como l. PAES, J. P. A poesia est morta mas juro que no fui eu. So Paulo: Duas Cidades, 1988 No texto, a diversidade lingustica apresentada pela tica de um observador que entra em contato com uma comunidade lingustica diferente da sua. Esse observador um
(ENEM PPL - 2016) A mulher entra no quarto do filho decidida a ter uma conversa sria. De novo, as respostas dele interpretao do texto na prova sugerem uma grande dificuldade de ler. Disperso pode ser uma resposta para parte do problema. A extenso do texto pode ser outra, mas nesta ela no vai tocar porque tambm professora e no vai lhe dar desculpas para ir mal na escola. Preguia de ler parece outra forma de lidar com a extenso do texto. Ele est, de novo, no computador, jogando. Levanta os olhos com aquele ar de quem pode jogar e conversar ao mesmo tempo. A me lhe pede que interrompa o jogo e ele pede me s um instante para salvar. Curiosa, ela olha para a tela e espanta-se com o jogo em japons. Pergunta-lhe como consegue entender o texto para jogar. Ele lhe fala de alguma coisa parecida com uma lgica de jogo e sobre algumas tentativas com os cones. Diz ainda que conhece a base da histria e que, assim, mesmo em japons, tudo faz sentido. Aquela conversa acabou sendo adiada. A me-professora, capturada por outros sentidos de leitura, no se sentia pronta naquele momento. Consciente, suspende a ao. BARRETO, R. G. Formao de professores, tecnologias e linguagens: mapeando velhos e novos (des)encontros. So Paulo: Loyola, 2002 (adaptado). A reao da me-professora frente s habilidades da gerao digital contempornea reflete o desafio que se tem enfrentado de
(ENEM PPL - 2016) O cartum Miopia, de Chen Fang, foi apresentado em 2011 na quarta mostra Ecocartoon, que teve como tema a educao ambiental. Seu ttulo e os elementos visuais fazem referncia ao exame oftalmolgico e a um tipo especfico de dificuldade visual. Com o uso metafrico da miopia e a explorao de caractersticas da imagem, o cartum
(ENEM PPL - 2016) No Brasil, milhares de crianas e adolescentes trabalham em casas de famlia. Isso no legal. O trabalho infantil domstico encurta a infncia, prejudica a autoestima e provoca grande defasagem escolar. Desenvolvemos diversos programas sociais que protegem e do dignidade a crianas e jovens, como o PETI, PROJOVEM URBANO, PROJOVEM ADOLESCENTE E PROJOVEM TRABALHADOR, entre outros. Disponvel em: http://servicos.prt16.mpt.mpbr. Acesso em: 15 jul. 2015 (adaptado). A pea publicitria, em pauta, busca promover uma conscientizao social. Pela anlise dos procedimentos argumentativos utilizados pelo autor, o texto
(ENEM PPL - 2016) Um cachorro cor de carvo dorme no azul etreo de uma rede de pesca enrolada sobre a grama da Praa Vinte e Um de Abril. O sol bate na frente nos degraus cinzentos da escadaria que sobe a encosta do morro at a Igreja da Matriz. A ladeira de paraleleppedos curta e ngreme ao lado da igreja passa por um galpo de barcos e por uma casa de madeira pr-moldada. Acena para a velhinha marrom que toma sol na varanda sentada numa cadeira de praia colorida. O vento nordeste salgado tumultua as rvores e as ondas. Nuvens esparramadas avanam em formao do mar para o continente como um exrcito em transe. A ladeira faz uma curva esquerda passando em frente a um predinho do sculo dezoito com paredes brancas descascadas ejanelas recm-pintadas de azul-cobalto. GALERA, D. Barba ensopada de sangue. So Paulo: Cia. das Letras, 2012. A descrio, subjetiva ou objetiva, permite ao leitor visualizar o cenrio onde uma ao se desenvolve e os personagens que dela participam. O fragmento do romance caracteriza-se como uma descrio subjetiva porque
(ENEM PPL - 2016) ANDRADE, R. Disponvel em: www.jornalcidade.com.br. Acesso em: 7 out. 2015 (adaptado). A charge aborda uma situao do cotidiano de algumas famlias. Nesse sentido, ela tem o objetivo comunicativo de
(ENEM PPL - 2016) A palavra e a imagem tm o poder de criar e destruir, de prometer e negar. A publicidade se vale deste recurso lingustico-imagtico como seu principal instrumento. Vende a fico como o real, o normal como algo fantstico; transforma um carro em um smbolo de prestigio social, uma cerveja em uma loira bonita, e um cidado comum num astro ou estrela, bastando to somente utilizar o produto ou servio divulgado. 1Assim, fazer o banal tomar-se o ideal tarefa ordinria da linguagem publicitria. ALMEIDA, W. M. A linguagem publicitria e o estrangeirismo. Lngua Portuguesa, n. 35, jan. 2012. Alguns elementos lingusticos estabelecem relaes entre as diferentes partes do texto. Nesse texto, o vocbulo Assim (ref. 1) tem a funo de